terça-feira | 01.07 | 3:12 PM

Hospital Mont Serrat revoluciona cuidados paliativos no SUS com atendimento humanizado

Unidade em Salvador é a primeira do país, na rede pública, dedicada exclusivamente a pacientes com doenças graves e prognóstico de vida limitado

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O Hospital Mont Serrat, localizado em Salvador (BA), tornou-se o primeiro hospital do Sistema Único de Saúde (SUS) totalmente voltado para cuidados paliativos no Brasil. Instalado no casarão histórico onde funcionava o antigo Hospital Couto Maia, na Ponta de Humaitá, a unidade acolhe pacientes com doenças avançadas, oferecendo conforto e dignidade no fim da vida, informa Alô Alô Bahia.

Com 64 leitos distribuídos em quatro pavilhões, o hospital prioriza o bem-estar físico e emocional dos pacientes. Não há pronto-socorro nem unidade de terapia intensiva. O atendimento é baseado em conversas francas com as famílias e no alívio do sofrimento, sem medidas invasivas ou reanimação.

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“Aqui, o foco da gente não é a morte. O foco é o cuidado enquanto vida tiver”, afirma a médica Karoline Apolônia, coordenadora do Núcleo de Cuidados Paliativos da Secretaria de Saúde da Bahia.

O Mont Serrat também conta com espaços diferenciados, como a “Sala da Saudade”, local ao lado do necrotério, com iluminação suave e decoração aconchegante, onde os familiares podem se despedir dos entes queridos. O espaço integra o projeto de humanização do hospital.

Um dos pacientes internados, Ayrton dos Santos Pinheiro, 90 anos, ex-guia turístico, se emocionou ao descobrir que o hospital funcionava em um local significativo de sua vida. Diagnosticado com câncer de próstata, ele relata ter sentido renovação ao chegar ao local.

O hospital recebe apenas pacientes com doenças graves e expectativa de vida inferior a seis meses. Alguns superam esse tempo e recebem alta para continuar os cuidados em casa. A média de internação é de oito dias.

Antes da internação, a equipe realiza diálogos com os familiares para compreender os desejos do paciente. “Perguntaram se meu pai queria fazer a barba, que música ele gosta, para que time torce… Isso nos deu paz”, relatou Ayrton Júnior, filho de um dos pacientes.

“O paciente volta para casa conectado com o que muitas vezes é sagrado para ele: sua família”, explica a médica Yanne Amorim, responsável pela unidade.

A criação do hospital é resultado de um projeto iniciado em 2019, com a formação do Núcleo de Cuidados Paliativos da secretaria estadual. O modelo ganhou relevância nacional após o Ministério da Saúde lançar, em 2024, uma política pública dedicada à área, o que tornou o Mont Serrat um exemplo de aplicação prática dessa diretriz.

Com foco no conforto e na qualidade de vida, o Mont Serrat apresenta uma abordagem inovadora e compassiva para o fim da vida dentro da rede pública, rompendo paradigmas da medicina tradicional hospitalar.

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