
O Brasil será o anfitrião, em novembro, da 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), uma das reuniões internacionais mais relevantes sobre o enfrentamento da crise climática. O encontro reúne anualmente líderes políticos, pesquisadores, representantes de organizações da sociedade civil e movimentos sociais para debater estratégias contra o aquecimento global. Neste contexto, o evento também ressalta a importância de discutir o ensino sobre mudanças climáticas nas escolas brasileiras, informa CNN Brasil.
Assuntos como o aquecimento global e o desmatamento têm presença frequente em avaliações como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares de grande porte, a exemplo da Fuvest, porta de entrada para a Universidade de São Paulo (USP). A educação climática, por sua vez, consiste no processo de ensino e aprendizagem sobre as causas das mudanças no clima, como a emissão de poluentes, seus efeitos como enchentes e secas recentes no país e as alternativas de enfrentamento, que podem variar desde ações individuais até políticas públicas.
A escola exerce papel fundamental ao informar, envolver os alunos e incentivar reflexões sobre como a sociedade pode agir diante desses desafios. O objetivo principal da educação climática é contribuir para que a população compreenda a importância de reduzir os impactos ambientais, como o desperdício de recursos naturais.
Edson Grandisoli, diretor educacional das iniciativas Movimento Escolas pelo Clima e Reconectta, destaca que a educação climática ainda é um conceito recente e está em desenvolvimento. “Ela envolve métodos e estratégias que buscam informar e sensibilizar as pessoas sobre a emergência climática, suas causas e impactos, além de estimular o protagonismo individual e coletivo para ações efetivas, sempre considerando os diferentes contextos e realidades”, explica.
Segundo ele, a escola tem um papel importante na formação de cidadãos informados e atuantes, mas não deve ser vista como única responsável. “É necessário reconhecer que todos os ambientes não apenas o escolar podem exercer função educativa quando se trata de enfrentar as mudanças climáticas”, afirma.
A educadora Simone Bacic, coordenadora do Projeto Lixo Zero no Colégio Agostiniano Mendel, reforça essa ideia ao relatar transformações reais observadas no cotidiano. “Temos diversos relatos de famílias que passaram a separar o lixo, reciclar e fazer compostagem em casa graças ao que os filhos aprenderam na escola. As mudanças de hábito surgem a partir da vivência das crianças e adolescentes no ambiente escolar”, conta. A instituição, localizada na zona leste de São Paulo, foi a primeira escola de grande porte da capital paulista e da América Latina a conquistar a certificação Lixo Zero, concedida pelo Instituto Lixo Zero Brasil.
Grandisoli ressalta ainda que os debates propostos pela COP-30 devem ter uma abordagem interdisciplinar. “As questões socioambientais não devem se restringir a matérias como Ciências, Biologia ou Geografia. Disciplinas como História, Filosofia, Sociologia, Linguagens, Física e Química oferecem perspectivas importantes para a compreensão completa do problema”, diz.
Para Luciano Monteiro, Diretor Global de Comunicação e Sustentabilidade da Santillana e Diretor Executivo da Fundação Santillana, a educação climática deve ir além do conteúdo escolar, incentivando o pensamento crítico, a participação social e a adoção de práticas sustentáveis no cotidiano. “Quando crianças e jovens entendem a conexão entre ciência, ética e cidadania, passam a perceber como suas escolhas diárias afetam o meio ambiente e o futuro comum”, afirma.
Ele acrescenta que o tema ambiental já é trabalhado há anos nas escolas, mas que a atual urgência climática e as demandas sociais do país reforçam a necessidade de uma formação voltada para a sustentabilidade. “Com a crise ambiental se agravando, é essencial que a educação acompanhe essa realidade e prepare os estudantes para os desafios do presente e do futuro”, conclui.