quinta-feira | 29.05 | 9:49 AM

Triagem para diabetes tipo 2 agora começa aos 35 anos, segundo novas diretrizes da SBD

Atualização inclui também mudanças no teste oral de glicose e alerta para rastreamento em jovens com fatores de risco

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A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) divulgou novas diretrizes para o rastreamento e diagnóstico do diabetes tipo 2 no país. Entre as principais alterações está a redução da idade mínima para triagem de 45 para 35 anos em adultos assintomáticos, além da inclusão de recomendações para crianças e adolescentes em grupos de risco. As informações foram publicadas no portal UOL e constam em artigo da revista científica Diabetology & Metabolic Syndrome, de março.

A mudança nas orientações ocorre em meio ao avanço significativo dos casos de diabetes tipo 2 em todo o mundo, impulsionado sobretudo pelas altas taxas de sobrepeso e obesidade na população. A nova diretriz recomenda que indivíduos com menos de 35 anos também sejam avaliados caso apresentem sobrepeso ou obesidade associados a pelo menos um fator de risco adicional, como histórico familiar da doença, hipertensão, doenças cardiovasculares, HDL baixo (menos de 35 mg/dl), triglicerídeos elevados (acima de 250 mg/dl), síndrome dos ovários policísticos, presença de acantose nigricans (manchas escuras na pele), sedentarismo ou diagnóstico prévio de pré-diabetes ou diabetes gestacional.

Para o endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein, a atualização é fundamental diante do cenário atual. “Cada vez mais observamos jovens com alterações na glicemia associadas a sedentarismo e obesidade. O diabetes é uma doença silenciosa e, quando detectado tardiamente, as chances de complicações cardiovasculares já são altas. Por isso, identificar cedo é essencial”, destaca.

Em relação às crianças e adolescentes, a SBD recomenda iniciar o rastreamento a partir dos 10 anos ou do início da puberdade, o que ocorrer primeiro, em casos de sobrepeso ou obesidade com pelo menos um fator de risco adicional.

Para situações em que há sintomas clássicos como sede excessiva, fome aumentada, urina frequente e perda de peso sem causa aparente, a nova diretriz reforça que a glicemia igual ou superior a 200 mg/dl, mesmo sem jejum, já é suficiente para confirmar o diagnóstico, dispensando exames adicionais.

Outra atualização relevante envolve o teste de tolerância à glicose oral (TTGO). Antes realizado com uma segunda coleta de sangue duas horas após a ingestão de glicose, o exame passa agora a ter essa etapa feita uma hora após a ingestão. A alteração busca detectar casos de pré-diabetes mais precocemente, em linha com recomendações da Federação Internacional de Diabetes. A primeira coleta continua sendo feita em jejum, seguida da ingestão de uma solução com 75g de glicose diluída em água, e da nova coleta uma hora depois.

Segundo especialistas da SBD, o novo formato do teste não substitui totalmente o protocolo tradicional, mas oferece vantagens práticas, como maior agilidade, menor custo e facilidade de execução, o que pode ampliar o acesso ao diagnóstico precoce. “É uma ferramenta eficaz para identificar riscos antes que o diabetes esteja instalado, principalmente em pessoas com maior vulnerabilidade”, afirmam os autores da diretriz.

Fonte: UOL