sábado | 14.06 | 1:19 PM

Ciclistas apontam falhas na infraestrutura e segurança das ciclovias em Salvador

Apesar de avanços na mobilidade sustentável, usuários destacam problemas como sinalização precária, falta de iluminação e insegurança em trechos da cidade

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Salvador tem registrado avanços em políticas voltadas à mobilidade sustentável, mas ciclistas da capital baiana relatam dificuldades diárias que impactam a segurança e a viabilidade do uso da bicicleta como meio de transporte regular. A cidade, com 308,59 km de ciclovias e um extenso litoral com grande potencial paisagístico, ainda enfrenta desafios estruturais e operacionais para consolidar a ciclomobilidade, informa o BNews.

Josué Brandão, 25 anos, é um dos ciclistas que utilizam as vias diariamente e relata obstáculos recorrentes. “A ausência de sinalização adequada, obstáculos como tampas de bueiro rebaixadas e galhos de árvores, além de ciclovias incompletas e de curta extensão, obrigam os ciclistas a usarem a pista de veículos ou a calçada, o que representa um risco à segurança”, afirmou.

Entre os trechos considerados mais vulneráveis, o ciclista cita a ciclovia do metrô, que liga o bairro da Paz a Pituaçu. “Nas regiões com maior incidência de furtos, especialmente na orla e na ciclovia do metrô, observa-se uma maior vulnerabilidade. É fundamental instalar câmeras de segurança, aumentar a extensão das ciclovias e garantir manutenções periódicas”, acrescentou.

Daniel Santana, 38 anos, que costuma pedalar ao longo da orla, reforça os problemas estruturais apontados por outros usuários. “Salvador poderia ter a ciclovia mais bonita do país por conta da paisagem natural, mas existem muitos buracos, rachaduras e desníveis. A sinalização também está precária”, relatou.

Daniel também alerta para a insegurança em áreas com pouca iluminação. “Evito pedalar em trechos como o do Jardim dos Namorados até o Largo das Baianas, e atrás do Centro de Convenções. São regiões muito desertas, mal iluminadas e sem policiamento. A presença de postes apagados contribui para o aumento da criminalidade”, disse.

Segundo ele, uma requalificação completa das ciclovias é necessária. “A prefeitura deveria reformar toda a extensão da ciclovia, melhorar a pintura para sinalizar com clareza para ciclistas e pedestres, reforçar a iluminação e garantir policiamento durante o ano todo, não apenas no verão.”

Em nota, a Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis) afirmou que Salvador tem investido em soluções para promover uma mobilidade urbana mais limpa. A pasta destaca ações como a ampliação da malha cicloviária, integração com usinas fotovoltaicas nas estações do BRT, implantação de infraestrutura verde como tetos vegetados, e o plantio de mais de 10 mil mudas nativas da Mata Atlântica.

Outras medidas citadas incluem o uso de etanol na frota oficial, iluminação pública em LED, criação de hortas urbanas, aumento da reciclagem de resíduos sólidos e decretos que incentivam práticas sustentáveis na administração municipal. “Salvador avança rumo a uma cidade mais resiliente, eficiente e comprometida com o meio ambiente, reforçando que o caminho para o futuro é construído com planejamento, inovação e responsabilidade climática”, informou a Secis.

A reportagem tentou contato com a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) para obter esclarecimentos sobre as reclamações dos ciclistas e possíveis ações previstas para as ciclovias da cidade, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.