quarta-feira | 25.06 | 4:51 PM

Inverno de 2025 no Brasil deve ser mais frio que nos anos anteriores, relata especialistas do InMet

Estação começa com cenário climático de neutralidade no Pacífico e pode ter geadas e até neve em algumas regiões

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Mesmo nos picos do inverno em 2023 e 2024, muitos brasileiros mal sentiram a queda nas temperaturas. No entanto, a expectativa é de que 2025 apresente um cenário diferente com a nova estação, que se iniciou nesta sexta-feira (20/6).

Essa previsão está relacionada ao comportamento atual das águas do Oceano Pacífico, aliado a outros fenômenos típicos do período. As projeções incluem a possibilidade de repetição das recentes ondas de frio registradas entre o final de maio e o início de junho, com chances de geadas e até mesmo neve em algumas áreas do país, informa BCC NEWS Brasil.

Danielle Ferreira, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (InMet), explica que as chuvas no inverno brasileiro costumam se concentrar no noroeste da Região Norte, no litoral do Nordeste e na Região Sul, áreas consideradas os extremos do território nacional. “Com isso, a parte central do Brasil, que inclui o Centro-Oeste, o Sudeste e o sul da Amazônia, entra num período mais seco, com escassez de chuvas”, explica a especialista. Ela acrescenta que esse comportamento está relacionado à presença de massas de ar seco, que bloqueiam a chegada de frentes frias vindas do sul.

As análises climatológicas indicam que o inverno de 2025 deve se manter dentro do padrão esperado para a época, influenciado pelo atual estado de neutralidade das águas do Pacífico. “Estamos em um momento de neutralidade, sem a presença do El Niño ou da La Niña”, informa Ferreira.

Em situações de El Niño, as águas próximas à Linha do Equador ficam mais quentes que o normal, afetando o clima em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Já a La Niña provoca o resfriamento das águas da mesma região. Ambos os fenômenos alteram significativamente os padrões meteorológicos.

Nos invernos de 2023 e 2024, o El Niño teve influência direta no aumento das temperaturas, o que ajuda a entender por que o frio foi pouco sentido e em algumas localidades houve até ondas de calor durante o período. Entidades como a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) projetam a continuidade dessa neutralidade até pelo menos o começo da primavera. “Essa neutralidade indica que não devemos ter aquecimento ou resfriamento fora do padrão, com temperaturas dentro do esperado para esta época do ano”, afirma Ferreira.

A meteorologista observa que, desde 2008, o Brasil vem enfrentando invernos progressivamente mais quentes. No entanto, ela destaca que 2025 pode ser uma exceção a essa tendência. E quanto às frentes frias observadas recentemente, há possibilidade de novas ocorrências durante os meses de inverno? “A gente não descarta a ocorrência dessas friagens”, afirma Ferreira.

Ela lembra que as massas de ar frio podem alcançar o país já a partir de abril, durante o outono, o que aumenta as chances de quedas de temperatura nas semanas seguintes. Isso pode incluir a formação de geadas e até episódios de neve, especialmente em áreas serranas.

Ferreira faz uma distinção entre as previsões de tempo e de clima. “Utilizamos modelos matemáticos complexos para prever o tempo com confiabilidade por até sete dias”, explica. Essas projeções envolvem o rastreamento de sistemas meteorológicos como frentes frias e zonas de pressão atmosférica.

Já as previsões climáticas, segundo a especialista, analisam o comportamento dos oceanos e indicam tendências para períodos mais amplos, como trimestres. “Esses modelos nos ajudam a entender o panorama geral para estações como o inverno”, exemplifica. Ela compartilha uma experiência pessoal: “Posso dar até um exemplo de onde estou agora, em Brasília. Fazia dois anos que eu não me agasalhava como tenho feito nos últimos dias.”

Apesar do cenário mais frio neste ano, Ferreira chama atenção para os efeitos das mudanças climáticas sobre o comportamento das estações. “A persistência de temperaturas elevadas nos últimos anos está relacionada ao aquecimento global”, observa. As mudanças no clima têm tornado os eventos extremos mais frequentes, como ondas de calor, frios intensos, secas prolongadas ou chuvas fortes em curtos períodos. “Esses eventos também podem ser intensificados por fenômenos como o El Niño ou La Niña”, conclui Ferreira.