A organização da COP30 divulgou nesta terça-feira (1º) a imagem do personagem que representará oficialmente a conferência do clima em 2025: o Curupira, figura lendária do folclore brasileiro conhecida como protetora das florestas. A escolha reforça o papel central da Amazônia nas discussões climáticas globais. A conferência será realizada em Belém (PA), entre os dias 10 e 21 de novembro.
Na identidade visual do evento, o personagem é retratado como um menino de cabelos flamejantes e pés virados para trás — característica usada, segundo a tradição indígena, para confundir caçadores e invasores da floresta. “O Curupira reflete o compromisso da presidência brasileira em solidificar ações de redução das emissões dos gases que provocam o aquecimento da Terra”, destacou a organização em nota oficial.
A escolha do símbolo ocorre no ano em que a COP completa uma década do Acordo de Paris, marco internacional que estabeleceu metas para conter o avanço das mudanças climáticas. Em carta à comunidade internacional, o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que as florestas terão papel de destaque nas discussões.
“Quando nos reunirmos na Amazônia brasileira em novembro, devemos ouvir atentamente a ciência mais avançada e reavaliar o papel extraordinário já desempenhado pelas florestas e pelas pessoas que as preservam e delas dependem”, escreveu.
Tradição e resistência
Segundo registros históricos, a primeira referência ao Curupira data de 1560, feita pelo padre José de Anchieta em uma carta escrita em São Vicente (SP). Na época, o jesuíta relatava o temor que os povos indígenas tinham pela figura mítica, a quem ofereciam presentes em rituais para evitar ataques.
Originário do tupi-guarani, o nome Curupira vem da junção de “curumim” (menino) e “pira” (corpo). A criatura é símbolo da resistência da floresta e de seus protetores, tornando-se agora também um emblema internacional da luta contra o colapso climático.
