Com o tema “Ancestralidade Futurística”, a 7ª edição do Melanina Acentuada Festival acontece entre os dias 9 e 14 de julho, em diversos bairros de Salvador, como Rio Vermelho, Federação, Pituba e Corredor da Vitória. O evento, que valoriza a cultura negra e as narrativas afrocentradas, reúne artistas, pensadores e o público em uma programação diversa e plural.
Sob o conceito filosófico do “tempo espiralar”, uma visão africana sobre a não linearidade do tempo —, o festival oferece espetáculos teatrais e musicais, encontros formativos, entrevistas públicas e performances de dança. Toda a programação é gratuita, com exceção dos espetáculos, cujos ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
Idealizado pelo ator, produtor e doutor em Dramaturgia do Debate pela UFBA, Aldri Anunciação, o festival nasceu da urgência de dar visibilidade à produção artística de autores negros. A ideia surgiu em 2012, durante o Festival de Teatro de Curitiba, quando Aldri foi questionado por uma repórter sobre como era ser “o único homem negro escrevendo para o teatro no Brasil”.
“Achei aquilo muito pesado, pois tinha mais de 30 referências em minha cabeça. Respondi os nomes quase como um ‘ataque-performance’. A repórter me interrompeu, se desculpou e disse que não conhecia a existência deles. Quando ouvi isso, pensei: ‘preciso fazer um festival para reunir todo mundo e mostrar essas pessoas’”, relembra o idealizador.
Inspirado nos Cadernos Negros, série de contos e poemas de autores negros publicada desde 1978 pelo coletivo Quilombhoje —, o Melanina Acentuada propõe discussões sobre diferentes temas sob a ótica da negritude e da ancestralidade.
Nesta edição, o conceito de “tempo espiralar” orienta a curadoria e estrutura da programação, reforçando o olhar para o passado, presente e futuro como dimensões conectadas, em movimento contínuo. Uma celebração à memória, à resistência e à potência criativa da população negra.
