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Dia de Santa Dulce dos Pobres é celebrado com fé, homenagens e programação cultural em Salvador

Celebrações religiosas, shows e ações sociais marcam a festa da primeira santa brasileira, reverenciada por milhares de fiéis na Cidade Baixa

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O Dia de Santa Dulce dos Pobres, comemorado em 13 de agosto, transformou Salvador em um grande cenário de fé e devoção. A capital baiana recebeu uma programação intensa, que incluiu celebrações religiosas, apresentações culturais e shows de artistas como Fafá de Belém e o Padre Antônio Maria, reunindo devotos e visitantes na Cidade Baixa, local de origem da religiosa que se tornou a primeira santa brasileira.

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As homenagens tiveram início ainda na madrugada, com a alvorada festiva, seguida de missas ao longo do dia no Santuário dedicado à santa, conhecido como o Anjo Bom da Bahia. Centenas de fiéis compareceram ao local, relembrando o mesmo fervor que mobilizou o estado em 2019, ano da canonização de Irmã Dulce, informa Tribuna da Bahia.

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Às 17h, a tradicional missa campal, presidida pelo cardeal Dom Sérgio da Rocha, reuniu milhares de pessoas e foi marcada por orações, cânticos e manifestações de fé. Em seguida, a Procissão Luminosa seguiu até a Colina Sagrada, encerrando o dia com a bênção do Santíssimo Sacramento.

Durante a noite, a Praça Santa Dulce dos Pobres continuou movimentada. O público se emocionou com as apresentações musicais do Padre Antônio Maria e de Fafá de Belém, que entoaram canções de fé e agradecimento. O local também contou com uma vila gastronômica, feira de artesanato e um espaço dedicado a apresentações culturais.

Aos 79 anos, o morador da Cidade Baixa Carlos Luis Antunes recordou sua ligação com a trajetória da santa:

“É lindo demais estar vivo para ver uma mulher fazer caridade, criar uma obra social majestosa e ainda virar santa. Acompanhei todo esse processo, morei na Cidade Baixa, ajudei Dulce e me sinto muito honrado por fazer parte dessa história.”

Programação iniciou no início de agosto

As comemorações começaram no dia 1º de agosto, com uma agenda diversificada que uniu fé, cultura e ação social. Dentre os destaques musicais, estiveram os shows de Johnny Mendes e Orquestra ComPassos, e um tributo à santa no dia 10, com Del Feliz, Adelmário Coelho, Targino Gondim e convidados. No dia 11, foi a vez da Banda Dominus, e no dia 12, o grupo Anjos de Resgate emocionou o público.

Outro destaque foi o projeto “Santa Dulce Itinerante”, que levou a imagem peregrina a cerca de 20 bairros de Salvador, com visitas a paróquias, ações sociais, passeio ciclístico e carreata, reforçando a mensagem de solidariedade e amor ao próximo.

Desde a canonização, o Santuário tem atraído milhares de peregrinos do Brasil e do exterior. Visitantes buscam conhecer o local onde está o corpo da santa, além do memorial com seus pertences e relatos de graças alcançadas.

O morador do bairro do Bonfim, José Carlos de Almeida, 62 anos, relatou sua devoção à santa:

“Ela apareceu no meu caminho num momento difícil. Desde então, nunca mais deixei de vir agradecer”, contou emocionado, referindo-se a uma graça recebida relacionada à saúde da esposa.

A trajetória de Santa Dulce dos Pobres

Nascida Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, em 26 de maio de 1914, em Salvador, Santa Dulce demonstrava compaixão pelos mais necessitados desde jovem, chegando a acolher moradores de rua em sua própria casa. Após ingressar na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, passou a ser conhecida como Irmã Dulce e iniciou um trabalho de assistência a doentes, pessoas com deficiência e leprosos, muitas vezes percorrendo bairros da capital a pé ou em uma Kombi.

Sua primeira iniciativa, feita em um antigo galinheiro, deu origem às Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), hoje um dos maiores complexos hospitalares filantrópicos do país, que oferece milhares de atendimentos gratuitos diariamente.

Mesmo com problemas de saúde, Irmã Dulce nunca interrompeu seu trabalho. Construiu hospitais, centros de acolhimento, escolas e unidades de assistência para diferentes públicos. Sua atuação discreta e constante a tornou respeitada em diversos setores da sociedade. Em 1988, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz. Faleceu em 13 de março de 1992.

A beatificação ocorreu em 2011, e a canonização foi oficializada em 13 de outubro de 2019, pelo Papa Francisco, na Praça de São Pedro, no Vaticano, diante de milhares de fiéis. O reconhecimento pela Igreja Católica se deu após a comprovação de dois milagres atribuídos à religiosa: a cura inexplicável de uma mulher com hemorragia pós-parto e a restauração da visão de um homem que sofria de cegueira grave.

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