quarta-feira | 04.06 | 1:42 PM

Cirurgias bariátricas tem crescido 42% em quatro anos mas acesso pelo SUS ainda é restrito

Nova resolução do CFM amplia critérios para cirurgia, mas longa espera e falta de acesso a medicamentos tornam tratamento distante para pacientes da rede pública

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Nos últimos quatro anos, o Brasil registrou um aumento de 42% nas cirurgias bariátricas, totalizando mais de 290 mil procedimentos. No entanto, 90% dessas cirurgias foram feitas por planos de saúde ou de forma particular. Apenas 10% ocorreram pelo SUS, informa o G1.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) atualizou neste mês os critérios para indicação do procedimento, reduzindo o IMC mínimo de 35 para 30 e incluindo adolescentes entre os públicos elegíveis. A medida busca ampliar o acesso, mas a realidade na rede pública ainda é de filas longas e ausência de tratamento farmacológico.

Hospitais públicos têm pacientes esperando até nove anos, segundo Cintia Cercato, presidente da ABESO. No Rio de Janeiro, o tempo médio de espera caiu de 1.300 para 403 dias. Em São Paulo, só nos primeiros três meses de 2024, foram realizadas 505 cirurgias. A jornada até o procedimento, porém, exige ao menos dois anos de acompanhamento clínico.

O Ministério da Saúde ainda não sabe o número total de pessoas na fila, mas promete organizar essas informações a partir do segundo semestre de 2025.

Pacientes relatam dificuldades. Jessyka, com 133 kg, sonha em ter mais mobilidade e voltar a trabalhar. Laionise, com 161 kg, sente dores constantes e aguarda há anos para ser operada. Ambas veem na cirurgia a chance de melhorar de vida.

A nova recomendação do CFM atende pessoas com IMC entre 30 e 35 que têm comorbidades graves, como apneia do sono ou gordura no fígado. Segundo o cirurgião Fernando de Barros, muitos desses pacientes antes eram excluídos, apesar da gravidade.

Medicamentos como Ozempic e Mounjaro são eficazes, mas inacessíveis à maioria. O SUS ainda não oferece esses tratamentos. Embora promissores, os remédios não substituem a cirurgia em casos mais graves, segundo especialistas.

Dados do Ministério da Saúde mostram que 24,3% dos adultos brasileiros têm obesidade — o dobro do registrado em 2006. Entre adolescentes, a prevalência é de 7,8%. Especialistas reforçam a importância de medidas preventivas desde cedo, como alimentação saudável e incentivo à atividade física.