quarta-feira | 25.06 | 11:32 PM

Falta de sono prolongada compromete cérebro e saúde geral, dizem estudos

Após festas como o São João, noites mal dormidas podem afetar memória, reflexos e até aumentar risco de doenças graves

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O chamado “sono acumulado” é um tema recorrente, especialmente após longos períodos de festividades como o São João, em que muitas pessoas reduzem consideravelmente suas horas de descanso. Mas será que é possível realmente compensar noites mal dormidas?

Estudos mostram que a privação de sono é um problema sério de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive jovens. Uma pesquisa realizada com 13 adultos por volta dos 20 anos revelou que sete noites consecutivas de sono irrestrito não foram suficientes para restaurar totalmente o desempenho cognitivo após dez noites seguidas dormindo cerca de 30% menos do que o recomendado, informa Aratu On.

A análise incluiu testes de tempo de reação, precisão e outras tarefas cognitivas. Em outro experimento, participantes que dormiam menos de seis horas por noite durante duas semanas apresentaram prejuízos comparáveis aos de pessoas que ficaram dois dias inteiros sem dormir,  mesmo quando achavam estar funcionando normalmente.

O motivo, segundo especialistas, é que o cérebro depende de ciclos completos e ininterruptos de sono para consolidar memórias, aprender novas habilidades e promover a reparação celular. A privação afeta diretamente funções como atenção, criatividade, resolução de problemas e tomada de decisões.

Foto: Ilustrativa/Pexels

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), permanecer acordado por 18 horas seguidas tem um impacto na direção semelhante ao de uma concentração de álcool no sangue de 0,05%. Com 24 horas sem dormir, o efeito equivale a um teor alcoólico de 0,10%, superior ao limite legal de 0,08% no país.

Estudos também apontam correlação entre a falta de sono e doenças graves. Uma pesquisa de 2017 indicou que apenas uma noite mal dormida pode aumentar a produção de beta-amiloide, proteína associada ao Alzheimer. Já outro estudo, publicado em junho, identificou que adultos mais velhos com dificuldades frequentes para dormir têm risco elevado de desenvolver demência ou até morrer precocemente.

O CDC recomenda de sete a dez horas de sono por noite, dependendo da faixa etária. Apesar disso, um em cada três americanos não atinge esse tempo mínimo, e entre 50 e 70 milhões sofrem de distúrbios como insônia, apneia do sono e síndrome das pernas inquietas.

Foto: Ilustrativa/Pexels
Foto: Ilustrativa/Pexels

A instituição classifica a privação de sono como uma questão de saúde pública, associada a condições como hipertensão, obesidade, baixa imunidade, depressão, diabetes, AVC, problemas cardiovasculares, alguns tipos de câncer e até alterações psicológicas, como paranoia e mudanças de humor.

Para melhorar a qualidade do sono, recomenda-se evitar o tabaco, reduzir o consumo de álcool, manter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos, controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol. Também é importante adotar uma boa “higiene do sono”, o que inclui estabelecer uma rotina noturna com atividades relaxantes e evitar o uso de telas como celular e televisão ao menos uma ou duas horas antes de dormir.