domingo | 01.06 | 4:16 AM

Internações por doenças inflamatórias intestinais aumentam 61% em uma década no SUS

Levantamento mostra avanço dos casos e reforça importância do diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento contínuo

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As doenças inflamatórias intestinais (DIIs), que incluem principalmente a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, foram responsáveis por cerca de 170 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS) ao longo dos últimos dez anos. Os dados fazem parte de um levantamento da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) com base no Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde, e foram divulgados pelo portal Agência Brasil.

Segundo o estudo, o número de internações cresceu 61% entre 2015 e 2024, saltando de 14.782 para 23.825 casos registrados no ano passado. A SBCP atribui esse aumento tanto ao agravamento dos quadros clínicos quanto ao crescimento da incidência da doença — ou seja, ao surgimento de novos pacientes ainda sem diagnóstico ou tratamento adequado.

As DIIs são enfermidades crônicas e sem cura definitiva, que afetam principalmente adultos jovens, em plena fase produtiva da vida. De acordo com especialistas, se não forem diagnosticadas e tratadas precocemente, podem comprometer significativamente a qualidade de vida dos pacientes, gerando afastamentos do trabalho, impacto emocional e sobrecarga familiar.

Entre os sintomas mais comuns estão diarreia crônica (com ou sem sangue, muco ou pus), dor abdominal, urgência para evacuar, fadiga, falta de apetite e emagrecimento. Em casos mais graves, podem surgir complicações como anemia, febre, distensão abdominal e manifestações em outros órgãos, como artrite, lesões de pele e inflamações oculares.

A retocolite ulcerativa compromete apenas a mucosa do intestino grosso, enquanto a doença de Crohn pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal — da boca ao ânus — atingindo todas as camadas da parede intestinal. Embora as causas exatas ainda não sejam totalmente conhecidas, estudos apontam que as DIIs resultam de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos. O tabagismo, por exemplo, é considerado um fator agravante.

O diagnóstico é feito por meio da avaliação do histórico clínico do paciente e de exames como colonoscopia, endoscopia, tomografia e ressonância magnética. Segundo a coloproctologista Mariane Savio, iniciar o tratamento nos dois primeiros anos após o surgimento dos sintomas pode evitar complicações mais sérias, como a necessidade de cirurgias, além de melhorar significativamente a resposta às terapias.

O tratamento inclui mudanças no estilo de vida — como alimentação equilibrada, prática regular de exercícios e abandono do cigarro — e o uso de medicamentos como aminossalicilatos, imunossupressores e imunobiológicos, conforme o caso. O presidente da SBCP, Sergio Alonso Araújo, destaca que o foco da entidade é incentivar o diagnóstico precoce e a continuidade do tratamento, para garantir melhor qualidade de vida e até a remissão dos sintomas.

Já a coloproctologista Ana Sarah Portilho, diretora de comunicação da SBCP, ressalta que o número de casos tende a ser maior em regiões mais urbanizadas e industrializadas, o que reforça a necessidade de campanhas de informação e prevenção.Neste mês de maio, a SBCP promove a campanha Maio Roxo, dedicada à conscientização sobre as doenças inflamatórias intestinais. As ações incluem postagens informativas e vídeos nas redes sociais da entidade, com o objetivo de esclarecer dúvidas e orientar pacientes.

O Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais é celebrado em 19 de maio, e reforça a importância de políticas públicas de saúde, acesso a tratamentos modernos e acompanhamento médico contínuo.

Fonte: Agência Brasil