sábado | 02.08 | 7:04 AM

Tremor de 8,8 graus atinge Kamchatka e provoca alerta de tsunami em diversos países

Fenômeno ocorreu em região de intensa atividade sísmica e levou à evacuação de áreas costeiras na Ásia e América

0Comentário(s)
Publicidade

A Terra voltou a tremer na região do Círculo de Fogo do Pacífico. Um terremoto de magnitude 8,8 foi registrado na quarta-feira (30/7) a cerca de 130 quilômetros da costa leste da península de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, ativando alertas de tsunami em várias localidades.

Publicidade

Como medida preventiva, autoridades ordenaram a evacuação de áreas costeiras em países como Rússia, Japão, Estados Unidos, Equador, Peru, Colômbia e Chile.

Publicidade

A península de Kamchatka está localizada dentro do Círculo de Fogo do Pacífico, também conhecido como Anel de Fogo, uma zona de intensa atividade tectônica e vulcânica que circunda praticamente todo o Oceano Pacífico.

Na margem oposta do oceano, o Anel de Fogo abrange diversas nações das Américas, incluindo Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua e Panamá.

A estrutura do Círculo de Fogo se estende por aproximadamente 40 mil quilômetros. Ele se dobra na altura das ilhas Aleutas, ao norte do Oceano Pacífico, entre a península de Kamchatka e o Alasca. A partir dali, segue ao longo das costas e arquipélagos de vários países, incluindo Japão, Taiwan, Filipinas, Indonésia, Malásia, Timor Leste, Brunei, Singapura, Papua-Nova Guiné, Ilhas Salomão, Tonga, Samoa, Tuvalu e Nova Zelândia.

Essa extensa cadeia geológica abriga a maior concentração de vulcões do planeta, incluindo diversos supervulcões. A maioria dos grandes vulcões ativos do mundo se encontra nesta faixa.

O tremor desta quarta-feira provocou ondas de tsunami com altura entre 3 e 4 metros ao longo do litoral de Kamchatka, conforme informou o ministro regional de Emergências da Rússia, Sergei Lebedev.

De acordo com informações preliminares divulgadas pela imprensa estatal russa, várias pessoas ficaram feridas, embora nenhum caso grave tenha sido confirmado até o momento.

As ondas geradas pelo sismo, que teve seu epicentro a uma profundidade de 18 quilômetros, também atingiram o arquipélago do Havaí e a costa oeste dos Estados Unidos. Em Crescent City, no norte da Califórnia, o Centro Nacional de Alerta de Tsunamis dos EUA registrou ondas com altura de 1,09 metro.

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, esse foi o sexto terremoto mais intenso já documentado.

A sismóloga Lucy Jones, embora não espere consequências catastróficas para o continente americano, chama a atenção para a recorrência de eventos sísmicos na região do Círculo de Fogo, uma das zonas com maior atividade tectônica do planeta.

Segundo o presidente-executivo do Instituto Geofísico do Peru, Hernando Taveras, aproximadamente 90% dos terremotos registrados no mundo ocorrem no Círculo de Fogo do Pacífico, sendo que 80% deles são de grande magnitude. Isso se deve à movimentação das placas tectônicas sob o leito do Oceano Pacífico. A interação entre essas placas, especialmente a convergência e o atrito entre elas, leva ao acúmulo de tensões que, ao serem liberadas, provocam terremotos e erupções vulcânicas.

A atividade sísmica nessa região está diretamente relacionada à chamada tectônica de placas, que envolve o movimento das camadas da crosta terrestre e suas colisões, fenômenos que não apenas geram terremotos, como também ativam vulcões.

Em entrevista anterior à BBC, o diretor do Centro Nacional de Prevenção de Desastres do México, Hugo Delgado, comparou a relação entre terremotos e vulcões ao que ocorre ao agitar uma garrafa de água gaseificada.

“O movimento faz com que o gás se acumule na parte superior da garrafa, aumentando a pressão e fazendo o líquido jorrar. Com um vulcão, o processo é parecido, já que ele contém gases em grande quantidade”, explicou.

Delgado afirma que somente terremotos de magnitude superior a 9 podem causar impactos significativos em vulcões, como a reativação de antigos, a intensificação da atividade de vulcões já ativos ou, em alguns casos, até a interrupção abrupta da atividade vulcânica.

“As ondas sísmicas liberadas por terremotos tão fortes podem não apenas desencadear erupções, como também resultar na diminuição ou cessação da atividade de certos vulcões”, acrescentou.

Publicidade