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Você sabia? Caruru do dia 27 é patrimônio imaterial baiano

O tradicional caruru de São Cosme e São Damião completa em 2025 um ano de reconhecimento como patrimônio imaterial da Bahia

caruru
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O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão vinculado a Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-Ba), celebra o primeiro ano de registro do caruru de São Cosme e São Damião como patrimônio cultural imaterial do estado. Assim, o reconhecimento, em setembro de 2024, resulta de um processo de pesquisa e escuta junto às comunidades, que mantêm viva a tradição, por isso garantindo visibilidade e proteção para um dos ritos mais importantes da cultura baiana.

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Preparado com quiabo, camarão seco, cebola, castanha, amendoim e em seguida azeite de dendê, o caruru todos os anos, no mês de setembro, renova a tradição em famílias, terreiros e comunidades que realizam a festa em devoção a São Cosme e São Damião, associados aos Ibejis nas religiões de matriz africana.

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Portanto, o rito envolve a preparação da comida, a organização da mesa, as rezas e cantos, a partilha coletiva e a presença das crianças conhecidas como os “sete meninos”, que são servidas antes dos adultos. Dessa maneira, o gesto simboliza cuidado e ligação direta do caruru com a infância, pois os santos gêmeos são lembrados como protetores das crianças.

Matrizes culturais

A origem do caruru está ligada a diferentes matrizes culturais. O nome vem do tupi caá-riru, que significa “erva de comer”, lembrando que, em versões mais antigas, folhas como bredo e taioba estavam no preparo. Com a presença africana, especialmente de povos oriundos do Golfo do Benim, a receita incorporou o quiabo e o azeite de dendê. Ambos se relacionam diretamente à cosmologia iorubá. Assim, na tradição, o quiabo é também a base do amalá, comida oferecida a Xangô e aos Ibejis. Esse encontro entre referências indígenas e africanas ajudou a consolidar o caruru como parte essencial da identidade cultural da Bahia.

Em seguida, relatos históricos do século XIX mostram que o caruru adentrava tanto em casas particulares quanto em espaços comunitários em Salvador e no Recôncavo. Em muitos lugares, o costume envolvia a realização de grandes festas com vizinhos, música, samba, rezas e distribuição de doces. Essa dimensão coletiva segue presente até hoje, reforçando o papel do caruru como espaço de convivência, fé e fortalecimento de laços comunitários. Além de sua importância nas religiões de matriz africana, a tradição se espalhou também para contextos familiares e populares. Dessa forma, alcançou até aldeias indígenas que incorporaram a celebração aos seus próprios rituais.

Foto: Fernando Barbosa/Ascom IPAC

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