quarta-feira | 16.07 | 1:03 AM

Fundação Pedro Calmon fortalece rede de leitura e memória com novas ações estruturantes na Bahia

Investimento em feiras literárias e modernização do Arquivo Público reafirmam o compromisso com a democratização da leitura e preservação da história baiana

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A Fundação Pedro Calmon (FPC), vinculada à Secretaria de Cultura da Bahia, vem ampliando sua atuação na democratização do acesso à leitura, à cultura e à memória no estado. Em entrevista ao A Tarde, o diretor-geral Sandro Magalhães detalha ações recentes e estruturantes da instituição, como o lançamento da REDE FPC e a preparação para os 40 anos da fundação, que será celebrada em 2026.

Com foco na territorialização das políticas culturais, a REDE FPC surge como um mecanismo para mapear agentes locais e fomentar o intercâmbio entre bibliotecas, arquivos, mediadores de leitura, grupos culturais e pesquisadores. “Queremos fortalecer uma rede colaborativa em favor do direito à leitura, à cultura e à preservação da memória”, afirmou Magalhães.

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REDE FPC: articulação e escuta nos territórios

A REDE FPC é estruturada como uma plataforma de cadastro colaborativo. Por meio dela, instituições e agentes culturais podem se inscrever e compartilhar experiências, demandas e iniciativas em curso. A proposta é criar um panorama detalhado da cadeia do livro e da memória nos diversos territórios culturais baianos.

A rede é composta por quatro programas estratégicos:

  • Bahia Literária: promove a literatura local e forma novos leitores;

  • Bibliorede Bahia: fortalece bibliotecas públicas e comunitárias;

  • Conectar Arquivos: qualifica arquivos públicos e privados;

  • Nossas Memórias: valoriza iniciativas de preservação da memória social e cultural da Bahia.

Segundo Magalhães, essas frentes operam de forma integrada, “reunindo dados, escutando as comunidades e orientando políticas públicas com base nas realidades locais”.

Ampliação do público leitor e investimento recorde

A Fundação Pedro Calmon também lidera uma série de ações voltadas à formação de leitores e ao fortalecimento do livro como ferramenta de transformação social. Um dos destaques é o investimento de R$ 24,3 milhões em festas, feiras e festivais literários, o maior já realizado na Bahia e no país.

Esse recurso é destinado a eventos em diversas regiões, através da iniciativa Bahia Literária, em parceria com as Secretarias de Cultura e de Educação. “As feiras se tornaram espaços estratégicos para circulação de livros e valorização da literatura local”, explica Magalhães.

Outros projetos incluem a participação na Bienal do Livro da Bahia, bibliotecas móveis com o Bibex, o concurso de escritores escolares, o Leve e Leia (programa itinerante de incentivo à leitura), e a criação da Sala Mestres e Mestras da Palavra, que será inaugurada no dia 25 de julho. O novo espaço funcionará como centro de serviços para a cadeia criativa do livro, com clubes de leitura, lançamentos, oficinas e venda direta de livros de autores baianos.

Além disso, o Escritório Regional de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional, desativado desde 2012, voltará a funcionar na sede da fundação.

Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas e acervo

A Fundação também coordena o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas da Bahia, responsável por prestar suporte técnico a bibliotecas municipais e comunitárias. Entre 2023 e junho de 2025, foram registradas 2.901 ações culturais nesses espaços, alcançando mais de 273 mil pessoas.

Foram distribuídos 100 kits de atualização de acervo em 2023 e há previsão de nova entrega em 2026. Um edital específico para dinamização das bibliotecas, com foco em mediação de leitura e ocupação criativa, está em estudo.

“Queremos bibliotecas vivas, com programações, mediações e novas formas de interação com o público”, destacou o diretor.

Modernização do Arquivo Público do Estado

A Fundação também é responsável pelo Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB), que reúne mais de 5 milhões de documentos desde o século XVII. Parte do acervo já está disponível digitalmente.

A digitalização segue critérios técnicos e não pretende abranger a totalidade do acervo, mas sim priorizar documentos estratégicos e frequentemente requisitados. “Nosso objetivo é preservar fisicamente e ampliar o acesso onde houver maior demanda”, explicou Magalhães.

Entre os avanços, destaca-se a aquisição definitiva do prédio do Arquivo pelo Governo da Bahia, eliminando riscos de leilão. Também está previsto um investimento de R$ 13 milhões, em parceria com o BNDES, para modernização da infraestrutura e implantação de sistemas de segurança e combate a incêndios.

Preservação da história baiana

Durante a celebração do 2 de Julho, a FPC promoveu uma exposição com cartas históricas sobre as lutas por liberdade. A ação foi realizada em conjunto com o Centro de Memória da Bahia e reforça a missão da instituição de preservar e divulgar a história do estado.

A Biblioteca Virtual Consuelo Pondé, com 30 mil títulos voltados à história da Bahia, também cumpre papel essencial nesse trabalho de memória e identidade.

Experiência política a serviço da cultura

Questionado sobre sua nomeação, que gerou comentários por sua trajetória política, Sandro Magalhães defendeu que sua experiência pública é um diferencial para a articulação institucional.

“Sou trabalhador da cultura e venho de uma trajetória na gestão pública, nas organizações sociais e na academia. Essas experiências estão a serviço da missão da Fundação”, disse.

Magalhães foi vereador e secretário municipal de Educação e Cultura em Serrinha, idealizou a FELIS – Feira Literária Internacional de Serrinha, dirigiu a Superintendência de Territorialização da Cultura da Secult-BA, e atua como pesquisador em políticas culturais.

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