A passagem da Liga das Nações Feminina de vôlei (VNL) pelo Rio de Janeiro gerou momentos inesquecíveis para duas crianças, que têm pontos em comum. Laura Franco, de 13 anos, e Arthur Militão, de 9, são transplantados e apaixonados por esporte. Na última terça-feira (3), puderam acompanhar o treino da seleção brasileira no Maracanãzinho e até jogaram com Rosamaria. Um dia depois, entraram em quadra com as atletas na vitória sobre a República Tcheca, na rodada de abertura da VNL.
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Sob olhares de Zé Roberto, Rosamaria joga vôlei com Laura e Arthur — Foto: Beto Kaulino
Laura nasceu com uma condição rara, chamada Atresia de Vias Biliares. Precisou passar por um transplante de fígado antes mesmo de completar um ano – o doador foi o irmão, Hugo. Desde a cirurgia, a menina tem o esporte como companheiro. Já participou, inclusive, de edições dos Jogos Brasileiros para Transplantados, em modalidades como natação e atletismo.
Ao ganhar a oportunidade de estar perto da seleção brasileira de vôlei, Laura mirou em uma jogadora que gostaria de conhecer: a oposta Rosamaria.
– Acho a Rosa muito forte, guerreira. Ela joga muito bem e ajuda a nossa seleção. Eu me inspiro nela para virar profissional – disse Laura.
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Arthur e Laura em visita ao Maracanãzinho — Foto: Beto Kaulino
Logo depois do treino de terça-feira, Rosamaria se aproximou de Laura e Arthur – em uma interação que não ficou só na conversa. A oposta aproveitou para dar uma aula de manchete e levantamento às crianças. Até mesmo o técnico José Roberto Guimarães participou e se animou com o desempenho dos alunos.
Parceiro de Laura nas visitas ao Maracanãzinho, Arthur, ainda pequeno, foi diagnosticado com miocardiopatia restritiva, doença que afeta a circulação sanguínea. Por isso, recebeu um coração novo há quatro anos.
O menino, que antes da doença praticava taekwondo, quer se reaproximar dos esportes e ficou encantado com o vôlei:
– Gosto das jogadoras e dos jogadores. De como eles conseguem bater a bola muito longe, se jogar no chão para defender. É um sonho conhecer pessoas famosas e as histórias delas – comentou.
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Arthur Militão e Laura Franco assistem a treino da seleção feminina de vôlei — Foto: Beto Kaulino
O brilho nos olhos das crianças também conquistou os adultos. Deyse Franco, mãe de Laura, acha que a experiência vivida pela filha no Maracanãzinho pode servir de incentivo para outras pessoas que enfrentam problemas de saúde:
– Isso dá esperança. Mostra a todas as crianças que estão na fila de transplante que é possível um dia ser uma Laura, um Arthur, hoje sentados aqui, tão perto de ídolos. Ou as crianças podem até estar em uma quadra, na natação, no futebol. Existe vida pós-transplante, sim.
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Parceria entre CBV e Secretaria Estadual de Saúde do Rio
A ida de Laura e Arthur ao Maracanãzinho foi possível graças a uma parceria entre a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Durante a Liga das Nações (feminina e masculina), em todos os jogos do Brasil no Maracanãzinho, crianças terão a oportunidade de entrar em quadra com jogadores – algo que também aconteceu no ano passado.
– Nós queremos mostrar que o voleibol não se restringe a dentro da quadra. A doação de órgãos é uma das causas sociais que defendemos, e esperamos que todos os brasileiros se juntem a ela. Tenho duas filhas e uma neta. Então, eu me emociono sabendo que estamos levando uma felicidade tão grande a esse grupo de crianças na Liga das Nações – afirmou Radamés Lattari, presidente da CBV.
De acordo com dados da Central Estadual de Transplantes, 22 transplantes em receptores menores (de até 17 anos) já foram realizados no Rio de Janeiro em 2025.
Fonte: Ge
Foto: Beto Kaulino