domingo | 01.06 | 2:46 PM

Fast Fashion: modelo de consumo impacta o bolso, a saúde e o meio ambiente

Especialista Ana Fernanda aponta sobre racismo ambiental, exploração de mão de obra, poluição, descarte de resíduos e como a Fashion Revolution atuam nesse cenário.

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Por Nívia Lopes

A indústria do fast fashion, conhecida por sua produção em larga escala e preços acessíveis, apresenta impactos relevantes tanto no meio ambiente quanto nas condições sociais e econômicas associadas ao consumo de roupas. Especialista Ana Fernanda aponta sobre racismo ambiental, exploração de mão de obra, poluição, descarte de resíduos e como a Fashion Revolution atuam nesse cenário.

Essas questões foram discutidas no episódio do podcast Vozes da Estação, intitulado “Sustentabilidade 360°”. Ana Fernanda, coordenadora de diversidade do Comitê Racial do Instituto Fashion Revolution Brasil, destacou que o movimento é considerado o maior ativismo de moda do mundo, tendo como objetivo provocar transformações profundas no setor. “O Fashion Revolution pauta questões que vão trazer uma revolução”, afirmou a especialista.

Durante o episódio, Fernanda enfatizou a importância da transparência nas cadeias produtivas e questionou: “Quais são as condições de trabalho das pessoas que fazem as suas roupas?”. Segundo ela, essa reflexão é essencial para que consumidores compreendam os impactos sociais envolvidos no processo de fabricação têxtil.

A coordenadora também destacou o papel do Brasil na discussão sobre desigualdades dentro da indústria. De acordo com Fernanda, o país é o único entre os que integram o movimento Fashion Revolution a contar com um comitê dedicado à pauta racial. Ela afirma que pautam a racialidade dentro da moda em diversos projetos.

A especialista ressaltou ainda que o racismo ambiental, prática que afeta desproporcionalmente populações negras, pobres e indígenas, está presente quando resíduos industriais são descartados em regiões vulneráveis. “As empresas não podem descartar seus resíduos em regiões mais empobrecidas”, alertou a Coordenadora.

Além das questões sociais, o impacto ambiental do setor de vestuário. Estimativas do Business Insider apontam que a produção de uma única camisa de algodão pode exigir até 700 galões de água, enquanto a confecção de um par de jeans chega a consumir aproximadamente 2.000 galões. O tingimento têxtil também figura entre os principais poluentes hídricos, com rejeitos frequentemente despejados sem tratamento em rios e lagos.

No Brasil, o problema se agrava com o volume de resíduos têxteis descartados anualmente. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, o país gera cerca de 4 milhões de toneladas de resíduos desse tipo a cada ano. O descarte inadequado, especialmente em cidades como Salvador, contribui para a poluição do solo e da água, além de sobrecarregar os aterros sanitários.

Ana Fernanda reforça que a transformação na indústria da moda exige ações coletivas, tanto por parte das empresas quanto dos consumidores. “É preciso andar com transparência com o público”, afirmou a especialista. Apesar das dificuldades, ela reconhece avanços e destaca que algumas empresas já demonstram interesse em adotar práticas mais responsáveis.

Especialistas em sustentabilidade recomendam medidas como o incentivo à moda circular, a preferência por marcas comprometidas com práticas éticas, o consumo planejado e a valorização de peças duráveis. Iniciativas de reciclagem e reaproveitamento de tecidos também são apontadas como caminhos promissores para reduzir os impactos negativos do setor.

 

Confira o episódio completo ao clicar aqui.