Durante a Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), a startup baiana Solos, voltada para impacto socioambiental, está promovendo um serviço inovador de coleta seletiva por delivery, exclusivo para os moradores e comerciantes do Pelourinho, no centro histórico de Salvador, informa Agência Brasil.
Com um estande localizado no Terreiro de Jesus, a empresa apresenta o projeto “Roda”, que funciona como piloto até dezembro. A proposta é simples: os participantes devem separar o lixo reciclável em suas residências ou comércios e entrar em contato pelo número (71) 99957-8803 ou pelo site da startup. Em seguida, um triciclo elétrico (tuktuk) da cooperativa parceira recolhe o material no dia e horário agendados.
De acordo com Olga Rocha, engenheira sanitária ambiental, o objetivo é desenvolver um modelo de coleta seletiva porta a porta com baixa emissão de carbono. “Essa iniciativa está em fase piloto, em parceria com a prefeitura de Salvador, e acontece inicialmente no centro histórico, com a possibilidade de expansão para outras áreas”, explica.
Após a coleta, os resíduos são encaminhados à cooperativa Crun, onde são separados e enviados à indústria para reciclagem. Esses materiais, como plástico, alumínio e papel, precisam estar limpos e livres de resíduos orgânicos. Laura Carvalho, representante da Crun, reforça a importância do descarte correto: “O material orgânico pode contaminar os recicláveis. Se isso acontece, tudo precisa ser descartado”.
Além do viés ambiental, o projeto também promove inclusão econômica. “Essa rodada vai até dezembro, quando analisaremos os indicadores de sustentabilidade, considerando os aspectos sociais, ambientais e econômicos”, afirma Olga Rocha. Segundo ela, a iniciativa também contribui para a geração de empregos e renda na comunidade local.
A edição da Flipelô deste ano também destaca a sustentabilidade, tema especialmente relevante em 2025, ano em que o Brasil sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). O Terreiro de Jesus abriga diversas ações ambientais voltadas ao público do evento.
Entre os destaques está o projeto “Recicle um livro”, que promove a troca de livros usados e a doação de mudas de árvores. “Essa pauta precisa estar presente neste tipo de evento, pois estamos lidando com o consumo e o descarte de produtos”, comenta Angela Fraga, presidente da Fundação Casa de Jorge Amado, responsável pela Flipelô.
Outro programa em destaque é o “Circule um Livro”, realizado pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e pela Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf). Ele estimula a troca gratuita de livros em bom estado e o reaproveitamento dos que não podem mais ser usados. Em 2024, a ação resultou na circulação de mais de 500 livros durante a festa.
Yara Vasku, coordenadora de comunicação da Abaf, explica a proposta: “Queremos promover a leitura, o conhecimento e a economia circular. Muitas pessoas que participam não têm condições de comprar livros, e esse é um meio de acesso à informação”.
Também no Terreiro de Jesus, uma instalação em formato de loja chama a atenção do público. A “Loja de Inconveniências Nada Verdes” tem a aparência de um comércio comum, mas sua proposta é provocar reflexões sobre os hábitos de consumo e o descarte inadequado de resíduos.
O projeto, inspirado em uma iniciativa realizada anteriormente em São Paulo, oferece informações sobre o impacto ambiental de embalagens e o tempo de decomposição dos materiais. “Aqui falamos sobre espécies afetadas pelo descarte incorreto, distribuímos mudas e promovemos palestras. É um espaço de informação e consciência”, afirma Bárbara Portela, coordenadora da instalação.
A Flipelô segue até o domingo (10), com programação cultural gratuita no centro histórico de Salvador. Mais informações estão disponíveis no site oficial do evento.