sexta-feira | 09.05 | 9:33 AM

“Sem saúde mental, não conseguimos fazer mais nada”, afirma Dr. Walter Vitterbo

Em entrevista ao podcast, médico destaca a importância do equilíbrio emocional, o impacto da pandemia e as novas exigências para empresas diante do crescente adoecimento psicológico da população.

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Por Ana Raquel Barreto

Em episódio recente do podcast Vozes da Estação, o médico Dr. Walter Vitterbo reforçou a importância de cuidar da saúde mental, especialmente em um cenário de crescente adoecimento psicológico em todas as faixas etárias.

“Sem saúde mental, a gente não consegue fazer mais nada”, afirmou o especialista.

Ele destacou que mesmo pessoas aparentemente bem-sucedidas, como grandes artistas e atletas, podem ter suas trajetórias interrompidas por desequilíbrios emocionais:

“Recentemente vimos, por exemplo, um tenista desistindo das Olimpíadas por questões emocionais. Sem equilíbrio, a pessoa deixa de realizar o que tem de positivo para oferecer.”

Dr. Vitterbo também comentou o impacto prolongado da pandemia de Covid-19 no bem-estar mental da população.

“A pandemia fez o mundo inteiro repensar muita coisa. Todo mundo perdeu alguém — um parente, um amigo, um vizinho. Isso gerou uma reflexão profunda sobre o que realmente importa. Mas os dados que temos hoje são preocupantes: aumento dos afastamentos, dos casos de suicídio, da improdutividade no trabalho.”

Entre os termos que o médico destacou, estão o absenteísmo — quando o colaborador falta com frequência ao trabalho — e o presenteísmo — quando ele comparece, mas não consegue produzir. “Isso vale até para o futebol: atletas de alto rendimento que, de repente, não entregam o mesmo desempenho. Muitas vezes, o problema está na saúde mental.”

Na conversa, o especialista lembrou que o mês de maio, além de abrigar o Dia do Trabalhador, marca a entrada em vigor da nova versão da NR-1 — norma regulamentadora que exigirá das empresas ações concretas para prevenir ou reduzir o adoecimento mental dos colaboradores. “A saúde mental agora passa a ser fiscalizada nas empresas. É uma conquista dos trabalhadores.”

Ao ser questionado sobre a relação entre o aumento de casos e o uso crescente de redes sociais, Vitterbo afirmou: “Acho que são as duas coisas. Hoje a gente diagnostica mais. Antes, ou a pessoa era internada como ‘maluca’, ou seguia a vida sem nenhum suporte. Agora, há mais acesso ao diagnóstico. Mas também é verdade que o adoecimento mental está crescendo. A gente vê isso começando cada vez mais cedo, já na infância.”

Por fim, o médico reforçou um ponto essencial: “A gente precisa cuidar da saúde mental, da saúde espiritual e contar com o apoio da família. Esses são os pilares para que a gente continue vivendo — e não apenas sobrevivendo.”