
Por Nívia Lopes
O Ministério da Saúde anunciou, nesta quinta-feira (15), a ampliação do uso da donepezila no tratamento da Doença de Alzheimer no Sistema Único de Saúde (SUS). Com a publicação da Portaria SECTICS/MS nº 20/2025, antes, a substância era oferecida exclusivamente a pessoas com quadros leves ou moderados, o medicamento passa a ser disponibilizado também para pacientes com a forma grave da doença.
A donepezila, segundo o Ministério, contribui para a preservação das funções cognitivas e da capacidade funcional, mesmo em estágios avançados da doença. O tratamento poderá ser feito em conjunto ou não com a memantina, já disponibilizada pelo SUS para pacientes em estado grave. Em 2023, mais de 58 mil pessoas utilizaram a donepezila em combinação com outros medicamentos, conforme dados do Ministério extraídos da Sala Aberta de Situação de Inteligência em Saúde (Sabeis).
A ampliação do uso do fármaco se deu a partir de uma análise técnica promovida durante a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Doença de Alzheimer. A pasta estima que cerca de 10 mil pessoas sejam beneficiadas já no primeiro ano da nova oferta.
Segundo a secretária da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS), Fernanda De Negri, a ação “é fruto de uma decisão baseada em evidências científicas e no compromisso com a inovação em saúde”. Para ela, a incorporação da donepezila em casos mais graves “fortalece a linha de cuidado contínuo e reafirma a importância de políticas públicas que respondam aos desafios do envelhecimento da população com dignidade, qualidade e equidade”.
A Doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta a memória, comportamento e autonomia dos pacientes. Embora incurável, o tratamento adequado pode retardar a evolução dos sintomas e melhorar a qualidade de vida. Nos estágios mais graves, sintomas como apatia, confusão mental e alterações comportamentais tornam o acompanhamento contínuo e o uso de medicamentos ainda mais essenciais.
Estudos apresentados à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) apontam que a continuidade do uso da donepezila pode ajudar a controlar sintomas neuropsiquiátricos e até adiar a necessidade de institucionalização dos pacientes. O medicamento age de forma a reduzir sintomas como agitação, apatia e confusão, característicos dos estágios mais avançados da doença.
Além da donepezila e da memantina, o SUS disponibiliza outros medicamentos como rivastigmina e galantamina, indicados para casos leves e moderados. O tratamento no sistema público é baseado em diretrizes que envolvem cuidado multidisciplinar e terapias não medicamentosas, incluindo atenção psicossocial ao paciente e à família.
Para diagnóstico, o SUS recomenda avaliação médica especializada, especialmente por neurologistas, psiquiatras geriátricos ou geriatras, além de exames laboratoriais e avaliação do estado mental. O tratamento precoce é considerado essencial para retardar a progressão da doença e garantir melhor qualidade de vida aos pacientes.