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Doguinho que usa piscina: será que é higiênico e seguro para humanos?

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Nas redes sociais, vídeos de cães que saltam em piscinas, principalmente nos fins de semana ou quando está calor, fazem o maior sucesso. Um exemplo é Jake, um pinscher caramelo que mora em Campo Grande (MS) e tem mais de 1 milhão de seguidores no TikTok. Para o cãozinho, nadar e brincar na água é pura diversão. Isso porque nem estamos falando dos golden retrievers, raça que gosta mais de água do que um golfinho.

Mas em se tratando de higiene e segurança, o que dizem os médicos, cachorro que compartilha a piscina dos tutores pode oferecer riscos?

. Para responder essa pergunta é preciso considerar alguns pontos:

. O cachorro que frequenta a piscina é bem cuidado, saudável?

. É um cão nadador, acostumado com gente e brincadeiras na água?

. A limpeza da piscina e da área ao redor dela é feita com frequência?

Se para todas essas questões a resposta for sim, o cão não oferece grandes riscos de transmitir doenças ao humano (zoonoses) e outros problemas, como acidentes, ao frequentar a piscina.

“A probabilidade é muito menor do que se contaminar em uma piscina pública, por exemplo. Sendo um pouco mais vulneráveis a infecções gestantes e crianças”, explica Rosana Richtmann, infectologista do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP).

Porém, é preciso ter alguns cuidados. A seguir, VivaBem reúne algumas informações relevantes e dicas para você entender melhor como aproveitar a piscina com seu amigo canino.

Nem todo cão pode estar apto

Cães que não estão em boas condições de saúde, não vão ao veterinário regularmente e não são vacinados não devem entrar na água junto dos humanos, informa a infectologista. Além de o animal ficar vulnerável a contrair doenças (raiva canina, cinomose, leptospirose, leishmaniose, giardíase), ele pode contaminar o espaço da piscina, outros animais e transmitir zoonoses

Tem mais. Cachorros que não nadam bem, que avançam no tutor, sobretudo se contrariados, ou que são braquicefálicos (com focinho achatado como os da raça pug), de perna curta, ou idosos precisam de atenção especial, para não sofrerem e causarem acidentes. Na primeira vez que forem nadar, observe e ajude, para evitar que se machuquem e a você, com pulos, mordidas e arranhões.

“Por isso, contraindico cães e crianças, especialmente pequenas, juntos na piscina”, afirma Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra membro da APA (Academia Americana de Pediatria).

Ejzenbaum continua que cães ainda não controlam xixi, diarreias e vômitos dentro da piscina, o que pode acontecer se beberem água tratada em grande volume. Nesses casos, assim como para humanos, a água com cloro faz mal à saúde do pet e isso pode prejudicar também a do tutor. Se costuma passar muito tempo dentro da piscina, o cão também pode, por efeito do cloro, contrair dermatite e transmitir fungos para os humanos, causando micoses e alergias

Fora da água também há perigos

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Com pulgas, elas podem se soltar dos pelos e ficarem no chão, em volta da piscina, à espreita dos banhistas. São parasitas que podem viver fora do corpo de um cão ou gato, em ambientes úmidos com a presença de restos orgânicos, até encontrarem um novo hospedeiro.

“Cachorros [especialmente os com pelo farto] também merecem atenção com a presença de bactérias na região genital e do ânus, que pode estar sujo com resquícios de fezes”, esclarece Rosana Richtmann. Esses resquícios são suficientes para contaminar a água da piscina e a área em volta dela com diferentes agentes infecciosos. Entre os quais e que fazem mal à saúde:

. Cryptosporidium: protozoário resistente à água com cloro e que sobrevive até dez dias na piscina, causando diarreia em banhistas, caso seja ingerido acidentalmente;

. Pseudomonas: bactérias de difícil controle, por serem facilmente disseminadas e resistentes a diversos desinfetantes, podendo causar otites, febre, tosse;

. Shigella: causa diarreia e vômito; cães servem de reservatórios e podem ser assintomáticos;

. Escherichia coli: em humanos pode provocar infecções urinárias e gastroenterites;

. Giardia: seus cistos liberados nas fezes de um cão infectado causam infecção intestinal.

A urina do cão, assim como a do humano, ainda reage com o cloro e os produtos químicos utilizados na limpeza da piscina e produz substâncias prejudiciais à saúde. Em pessoas sensíveis, podem causar irritação em olhos, ouvidos, pele a problemas respiratórios, cardíacos e neurológicos

Como garantir interação e se proteger

É possível aproveitar a área da piscina sem que tutor e cão se prejudiquem. “Os cuidados começam antes, com um banho no cachorro para garantir que ele tenha uma quantidade de bactérias, principalmente na região íntima, muito menor”, indica a infectologista Richtmann.

Em vez de entrarem juntos na água, o tutor também pode ter uma piscina pequena e mais rasa, própria para cachorro, por perto, evitando riscos se o pet entrasse na piscina de gente. Mesmo assim, delimitar o tempo que o cão brinca na água é importante.

Terminada a brincadeira, o tutor deve lavar a piscina do pet e dar um banho nele para retirar de seu corpo todo o cloro e qualquer impureza que tenha ficado retida e secá-lo muito bem. Da mesma forma, para se proteger, o tutor deve tomar banho logo após o uso de sua piscina.

“Ele deve checar o pH de sua piscina, pois se sobe a água fica com condição pior em termos de possibilidade de se ter contaminação bacteriana”, adverte a infectologista. São sinais ruins água turva e revestimentos e bordas da piscina esverdeados, grudentos e escorregadios. No lodo ficam os agentes nocivos e mesmo em piscina aquecida podem ser inalados pelo vapor.

A piscina do tutor deve ser tratada quimicamente para se manter livre de microrganismos. Entretanto, mesmo limpa, pode haver contaminação e reações químicas, como já explicado. O método de tratamento da água por ozônio pode ser uma alternativa eficaz, pois minimiza esses riscos. Já em volta da piscina deve haver cuidado com chão úmido e de grande circulação.

Limpe e seque essa área, bem como patas e pés e use sempre chinelos. “Além de prevenir que fungos causem micose, andar calçado evita de se pegar larva migrans cutânea, que infecta o intestino de cães e gatos, e pode penetrar a pele de humanos causando infecção”, explica Maria Clara Gordiano, dermatologista do Hospital São Rafael, Rede D’Or, de Salvador.

FONTE: VivaBem Uol