sexta-feira | 13.06 | 6:00 PM

35 anos após sua morte, legado de Cazuza ganha novos tributos em filme e exposição imersiva

Documentário “Boas Novas” e mostra “Cazuza Exagerado” mergulham na trajetória e na intimidade do artista, reforçando a atualidade de sua obra

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O documentário reúne registros inéditos em VHS, gravados por George Israel (Kid Abelha), incluindo bastidores de shows e encontros informais com artistas como Frejat, Leo Jaime, Ney Matogrosso e Gilberto Gil. Um dos momentos recuperados é o show de Ideologia no Canecão, no qual Cazuza protagonizou um gesto polêmico ao cuspir em uma bandeira do Brasil, objeto que agora integra a exposição, informa O GLOBO.

“Queria mostrar como ele lidou com o que a vida lhe deu, que foi a doença. Cazuza nunca olhou para trás”, afirma Nilo Romero.

Com curadoria de Ramon Nunes Mello, a exposição Cazuza Exagerado é considerada a mais completa já realizada sobre o artista. A mostra reúne fotografias, anotações, bilhetes, letras datilografadas, objetos pessoais e trechos de músicas em áudio e vídeo.

Um dos espaços recria a Pizzaria Guanabara, tradicional ponto de encontro no Baixo Leblon frequentado por Cazuza, onde os visitantes poderão ouvir depoimentos de amigos como Caetano Veloso, Frejat e Ney Matogrosso. A exposição também contará com uma projeção holográfica do cantor.

Lucinha Araújo, mãe do artista e responsável pela preservação de seu legado, destaca que não vê problema em exibir parte da vida do filho: “Não tem nada para esconder sobre Cazuza. Tudo já foi dito”.

Cazuza segue alcançando novos públicos nas plataformas digitais. Atualmente, conta com 3,7 milhões de ouvintes mensais no Spotify e presença ativa em redes como TikTok e YouTube. No carnaval deste ano, foi homenageado pela escola de samba paulistana Camisa Verde e Branco.

Suas músicas também voltaram a ganhar espaço na trilha sonora do remake da novela Vale Tudo, com destaque para “Brasil” e “Faz parte do meu show”.

Ainda em 2024 estão previstos novos lançamentos: a reedição em vinil do álbum Exagerado, um musical baseado na perspectiva da mãe do artista, intitulado Só as mães são felizes, e uma série documental da produtora Conspiração.

“A obra de Cazuza anda sozinha, mas, podendo, a gente sempre dá um empurrãozinho”, afirma Lucinha, que hoje se dedica a projetos relacionados à Aids em adultos e à gestão do acervo do filho.

Para Lucinha Araújo, as canções do filho seguem atuais: “O Brasil ainda não mostrou a cara”. Nilo Romero concorda, destacando que as reflexões feitas por Cazuza continuam pertinentes. “A gente voltou a um lugar que é quase o mesmo daquele de ‘Brasil’, só que com muito mais força. Esse discurso serve para hoje”, observa.

Ambos os projetos, filme e exposição reforçam a permanência de Cazuza no imaginário cultural brasileiro, mostrando como sua arte atravessa gerações e continua provocando reflexão sobre temas como liberdade, identidade, política e existência.