Os centros de distribuição de doações em Porto Alegre têm encontrado um cenário recorrente desde o início da enchente no Rio Grande do Sul: donativos considerados “inapropriados” ou “sem noção”. Voluntários relatam terem encontrado calcinhas usadas, vestidos de noiva e até um pinheiro de Natal.
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Durante o processo de triagem das doações, os voluntários frequentemente se deparam com itens que fogem completamente do esperado e necessário pelos desabrigados.
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Doações natalinas chegam para triagem no Rio Grande do Sul — Foto: Danielle Mattos/ Arquivo pessoal e Reprodução/ TV Globo
As recentes enchentes no Rio Grande do Sul devastaram 475 dos 497 municípios gaúchos, levando inúmeras famílias a perderem tudo. Cerca de 616,6 mil pessoas estão fora de casa, segundo boletim divulgado pela Defesa Civil Estadual na manhã desta segunda-feira (3). Em meio a essa calamidade, centros de distribuição de doações têm desempenhado um papel crucial no auxílio às vítimas.
“Recebemos roupas rasgadas, muito manchadas, sapatos em más condições, sem pares ou sem cadarços, e roupas de cama com mau cheiro”, relata Jossana.
A voluntária conta que já chegou doação de roupas molhadas. “Tivemos que mandar lavar com voluntários”, disse a biomédica.
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Jossana Gonçalves (no centro, de capa amarela) se envolveu com a coordenação do centro de distribuição no CTG 35. — Foto: Jossana Gonçalves/ Arquivo pessoal
O relato da voluntária Danielle Mattos, relações públicas de 32 anos, não é diferente. Ela conta que já encontrou os mais diversos objetos que chegaram no Centro de Distribuição do Clube Farrapos.
“A gente já recebeu doações de perucas, calcinhas com enchimento no bumbum e roupas íntimas usadas“, conta.
No entanto, esses itens não vão fora. As voluntárias explicam que as roupas em más condições para o uso de desabrigados são destinadas para abrigos de pets, onde são feitas roupinhas para os animais, além de cobertores ou até mesmo paninhos de limpeza.
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Roupas em mau estado são doadas para pets — Foto: Danielle Mattos/ Arquivo pessoal
Entre os donativos também são encontradas peças em boas condições, mas inapropriadas para o momento. “A gente recebeu um grande número de roupas de festa, de 15 anos, de casamento”, relata Jossana, explicando que essas roupas são destinadas a organizações não governamentais para debutantes de famílias de baixa renda.
Doações “para confortar o coração”
Bilhetes chegam aos centros de distribuição de doações
Na mesma medida que itens “sem noção” chegam para a triagem, muitos recados “motivacionais” são encontradas entre as roupas.
“Tem dois tipos de pessoas: a que nos doa árvore de Natal e a pessoa que nos envia uma carta para confortar o coração”, revela o voluntário Eduardo Baldasso.
Fonte: G1