domingo | 22.06 | 5:11 PM

Estudo aponta que famílias no semiárido nordestino precisam de até R$ 5 mil mensais para viver com dignidade

Pesquisa revela disparidade entre renda atual e custo de vida digno no semiárido, alertando para os impactos sociais, econômicos e ambientais da precariedade rural

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Um estudo inédito do Instituto IDH, realizado em parceria com o Anker Research Institute e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), estimou o custo de vida digno para famílias residentes no semiárido e regiões limítrofes dos estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Os valores necessários para garantir uma vida com acesso pleno a direitos humanos variam entre R$ 1.986,00 e R$ 4.996,00 mensais para uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças), informa Agência Brasil.

Os valores superam o salário mínimo nacional e também o limite da linha de pobreza, hoje estimado em R$ 872,00. A pesquisa abrangeu dez regiões, sendo três na Paraíba, três em Pernambuco e quatro no Rio Grande do Norte. Em cada uma delas, foram calculados os custos básicos para uma vida digna, que incluem alimentação saudável, moradia adequada, acesso à educação, saúde, lazer e uma margem de 5% para emergências, como os impactos de eventos climáticos extremos, a exemplo das secas prolongadas.

Renda rural abaixo do necessário

O levantamento também distingue entre salário digno, destinado a trabalhadores agrícolas, e renda digna, voltada aos produtores familiares. Em ambos os casos, os valores atualmente recebidos pelas famílias estão abaixo do considerado suficiente. Essa disparidade agrava a vulnerabilidade dessas comunidades diante do avanço da desertificação, que já ameaça 13% da área do semiárido nordestino.

Desigualdade limita desenvolvimento sustentável

Para Grazielle Cardoso, gerente do programa Raízes da Caatinga, da Fundação IDH, a precariedade da renda rural é um entrave para a sustentabilidade no campo.

“Sem cadeias produtivas estruturadas e resilientes, não há renda digna no campo. A degradação do bioma é uma ameaça para as famílias que vivem da agricultura, reduzindo as oportunidades de sustento. E quando a renda é insuficiente, não é possível manter práticas agrícolas regenerativas”, afirmou.

O estudo sugere que melhorar os rendimentos das populações rurais não só promoveria justiça social, como também teria impactos positivos ambientais e econômicos para toda a região.