domingo | 19.05 | 3:40 AM

Show de Madonna em Copacabana repercute na imprensa internacional: ‘Monumental’

Em duas horas de show, cantora reverberou catarse ao repassar 40 anos de carreira

0Comentário(s)

O show de Madonna na Praia de Copacabana para encerrar a The Celebration Tour, num marco de seus 40 anos de carreira, “fez o Rio de Janeiro vibrar”. Assim descreveu o jornal argentino “Clarín”, um dos tantos veículos da imprensa internacional que repercutiram a apresentação histórica. Diários como o britânico The Guardian, o francês Le Monde e as agências de notícias AFP, Reuters e Ansa destacaram que a diva cantou e dançou gratuitamente para mais de 1,5 milhão de pessoas.

O Clarín detalhou que os fãs da cantora “tomaram a cidade” na expectativa pelo show. Alguns deles esperaram 12 horas na areia para garantir os lugares mais próximos à apresentação, disse o jornal argentino, que também citou as dimensões do palco, de 812 metros quadrados, montado em Copacabana, descrita como “a praia mais emblemática” da cidade brasileira. O Clarín também ressaltou que Madonna usou roupas e pintou as unhas nas cores verde e amarela.

Já a BBC destacou que Madonna levou uma “multidão de fãs” à praia para o histórico concerto. Vários deles foram vistos dançando ao som do ícone pop nas horas que antecederam a apresentação e se encantaram, mais tarde, com a produção do evento. A rede britânica descreveu como telões e policiais estavam espalhados pela orla para evitar aglomerações e reforçar a segurança.

“No que muitos chamaram de show “histórico”, Madonna impressionou o público com diversas mudanças de cenário, figurinos e exibições de luzes. A cantora cantou alguns de seus maiores sucessos, incluindo Nothing Really Matters, Like a Prayer e Vogue, e em determinado momento foi acompanhada no palco pela cantora brasileira Anitta“, escreveu a BBC.

“Uma estrela global, uma cidade de sonho, uma praia lendária”, descreveu o Le Monde. O jornal francês classificou o show como “monumental” e contou como as pessoas se amontoaram nas areias — mas também no mar, a bordo de dezenas de barcos — para acompanhar o evento. O diário também apontou as dimensões do palco, os shows de abertura, como o do DJ Diplo, os figurinos dos fãs e o clima de festa em Copacabana.

“Em frente ao Copacabana Palace e ao longo da praia onde os vendedores de souvenires aderiram à hora da Madonna e aumentaram os estoques e os preços, o clima foi festivo nos últimos dias e lembrou a leveza do carnaval carioca, concluído há quase três meses. Papa Don’t Preach, La Isla Bonita, Material Girl… Impossível fugir dos clássicos da rainha do pop, tocados por toda parte”, escreveu o Le Monde.

Leia a crítica do GLOBO

O sonho de uma Madonna carioca virou realidade numa noite de sábado — e que outra noite mais adequada? — quando a cantora subiu ao palco ampliado, do encerramento de sua Celebration Tour, para um show gratuito nas areias de Copacabana.

A cidade, que abraçara Madonna desde a sua chegada, na última segunda-feira (29), respondeu com os gritos de ansiedade reprimida ao longo da semana, quando ela, enfim, deu as caras, às 22h37, cantando “Nothing really matters”, faixa do álbum “Ray of light”, de 1998. A esperada catarse reverberou da frente do Copacabana Palace até o Leme: estava aberta, pelas próximas duas horas, a maior pista de dança do mundo. O que restava era aguardar os presentes que ela destinaria aos cariocas — que não foram tantas, mas emocionaram.

A impaciência com o atraso de Madonna era percebido no toque dos leques do público. E enfim, às 22h32, o mestre de cerimônia Bob The Drag Queen anunciou que a festa ia começar. “Nothing really matters” foi só introdução para que Madonna fizesse uma viagem pelo tempo até o começo da carreira, com “Everybody”.

“Alô, Rio de Janeiro, bem-vindos ao metrô de Nova York!”, saudou ela, antes de avançar por “Into the groove”, outra dos primórdios da carreira.

“Chegamos, finalmente chegamos ao Rio!’, festejou ela, com uma cerveja na mão e à disposição para falar um “caralho” em português e contar a história de sua vida “como se fosse um diário”. Madonna era só animação em discorrer sobre aquela Madonna de 40 anos atrás para seus novos amigos, o publico do Rio de sábado à noite, que respondeu com um coro de “Madonna!”, antes que ela pegasse a guitarra e lembrasse — conforme o script do show — os primeiros e punks tempos em Nova York com “Burning up”.

“Open your heart”, em seguida, traduziu a alegria da Madonna oitentista, que saiu das boates de NY para o mundo — era a esperada pista de dança, que ela tratou de manter rolando com “Holiday”, outra de suas pérolas pós-disco da juventude.

Madonna durante show em Copacabana — Foto: Pablo Porciuncula / AFP
Madonna durante show em Copacabana — Foto: Pablo Porciuncula / AFP

O ato 2 do show começou, como esperado, com “Live to tell”, canção da perda da inocência dos anos 1980 diante da epidemia da aids — e nos telões, além dos americanos vitimados pela doença apareceram brasileiros como Cazuza, Renato Russo, Caio Fernando Abreu, Zacarias e Lauro Corona — um momento tocante e muito aplaudido.

A gravidade de “Live to tell” abriu caminho para a encenação dos dramas católicos de “Like a prayer”, primeiro número mais evidentemente teatral do show, com o filho de Madonna, David Banda, como se fosse Prince reencarnado, fazendo solo de guitarra. Dos mosteiros medievais, a cantora foi então para um ringue de luzes e, entre os dançarinos-lutadores de “Erotica” e sua opressiva-sedutora torrente de frequências graves. Algo que só poderia levar ao surubão de grande efeito visual de “Justify my love” e a recriação no dembow da rapper dominicana Tokischa do libertador “Hung up” — saída ideal para o clima musical pesado que havia sido criado pela sequência.

Fonte: O Globo